Sigma inicia produção de lítio no fim do ano no Jequitinhonha e prepara expansão
Rio, 08/03/2022 - A Sigma Lithium, da boutique A10 Investimentos, vai iniciar no fim deste ano o comissionamento de sua planta de lítio na divisa entre Araçuaí e Itinga, no Vale do Jequitinhonha, Norte de Minas Gerais. A unidade vai produzir 240 mil toneladas de concentrado de lítio por ano, com grau de bateria de alta pureza. Será a primeira planta do gênero no País.
Segundo Ana Cabral-Gardner, co-fundadora da A10 Investimentos, com a realização da terraplanagem da área do projeto, a construção da planta avançou e está com 78% da fundação concluída. “Com o término das obras no fim do ano, o ‘ramp-up’ da produção será rápido. No início do ano que vem, com três meses, estaremos operando em capacidade máxima na planta”, explica a executiva.
Além da planta, o projeto inclui a própria mineração do lítio no semiárido mineiro. Ana Cabral explica, porém, que a mineração visa apenas uma vantagem competitiva de custo e não é a atividade fim da empresa. “O lítio extraído vale US$ 50 a tonelada. Depois do beneficiamento químico, consigo vendê-lo por US$ 2.800. Mineração para mim é uma vantagem competitiva de custo”, explica.
A Sigma tem um acordo de venda com a coreana LG Energy Solutions, uma das maiores fabricantes de baterias de lítio para veículos elétricos. Pelo contrato firmado, a empresa vai fornecer 100 mil toneladas do produto por ano e pode chegar a 150 mil toneladas. A Sigma também tem pré-contrato com a japonesa Mitsui, parceira comercial responsável pela intermediação do restante da produção.
A executiva acredita que o contrato com a LG Energy Solutions permite à Sigma ser "agnóstica", de certa forma, em seu fornecimento ao mercado automobilístico, uma vez que a empresa coreana é fornecedora de bateria para automóveis de marcas tão diferentes como Ferrari, Porsche, Volkswagen e Tesla. Além disso, para ela, confirma o grau de pureza do produto.
Com o acelerado crescimento da indústria de carros elétricos, a Sigma tem sido demandada por fabricantes a acelerar a entrega da segunda etapa do projeto do Vale do Jequitinhonha, que elevará para 440 mil toneladas a capacidade anual de produção de concentrado de lítio. A expansão deve ser iniciada no ano que vem, com conclusão prevista para 2024. Ao todo, o projeto terá custado R$ 1,2 bilhão.
“Só existem duas empresas juniores com cronograma de entrega de produção neste ano e nós somos uma delas. Tem empresas maiores correndo para entregar a produção. Então, a situação do mercado é de aperto [de oferta e demanda] e não há visibilidade de ficar menos apertado”, disse Ana Cabral, que é ex-executiva dos bancos Garantia, Goldman Sachs e Barclays.
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